A consultoria Céleres divulgou nesta terça-feira (14/8) a sua primeira previsão para a soja no ciclo 2018/2019. A consultoria projeta aumento de área plantada de 3,1%, para 36,17 milhões de hectares, atribuindo o crescimento a um cenário de considerável rentabilidade na safra anterior e a uma perspectiva favorável para as margens em 2018/2019. "A área a ser plantada só não é maior devido à competitividade de milho no próximo verão, ao risco de valorização do real para 2019, às dificuldades operacionais e aos custos na logística de insumos, sobretudo fertilizantes, que estão sendo percebidos agora", disse a Céleres, em relatório que acompanha o levantamento.
A consultoria destacou que, por enquanto, é esperado um cenário de neutralidade entre La Niña e El Niño, com "condições climáticas dentro da normal na época de plantio da oleaginosa". Com isso, projeta que a produção brasileira de soja pode chegar a 119,63 milhões de toneladas, 0,7% acima da safra atual. Considerando a tendência de produtividade dos últimos 15 anos, o rendimento esperado é de 3,31 toneladas por hectare, ante 3,39 toneladas por hectare projetados anteriormente.
"O apetite chinês ainda mais forte mantém o cenário de abastecimento interno enxuto e, junto com o dólar valorizado e com prêmios excepcionais, deverá sustentar os preços no mercado interno em 2019, mesmo com a expectativa de mais uma safra cheia no país", disse a consultoria. A rentabilidade operacional esperada para safra 2018/2019 está estimada em R$ 1.191,00 por hectare, em média. "Apesar de serem menores do que a rentabilidade efetiva na safra 2017/2018, as margens projetadas se mostram elevadas e deverão incentivar o aumento de área por parte do produtor", disse a consultoria. "Os preços, apesar de estarem menores que os observados nesta safra, estão em patamares historicamente altos e remuneradores."
A Céleres ponderou, contudo, que a desvalorização do real deve elevar os custos de produção em 10%, em média, para a próxima safra. "No caso dos fertilizantes, além da questão cambial, os preços internacionais e os custos logísticos mais elevados após a greve dos caminhoneiros sustentam mais ainda os preços deste insumo no mercado interno."
A consultoria indicou ainda que, mesmo com aumento de custos e as dificuldades logísticas, a rentabilidade projetada e os "resultados agronômicos excelentes" nos dois últimos ciclos indicam que produtor deverá continuar investindo em manejo e insumos mais eficientes na próxima safra. Entre os principais fatores de risco para a safra 2018/2019, a Céleres cita o câmbio, a pressão de uma grande safra norte-americana sobre os preços em Chicago e a logística. "As indefinições e o próprio tabelamento de fretes já prejudicam a entrada de fertilizantes nas praças internas e deverão dificultar e onerar o produtor nas épocas de escoamento da produção."
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